Análise e mapeamento de regime de queimadas no Parque Nacional da Gorongosa entre 2015 á 2020

Abstract

Em Moçambique, as queimadas descontroladas constituem um dos problemas ambientais que preocupa toda a sociedade, agravado pelos índices elevados de pobreza em que vive a maioria da população rural e urbana do país, e o parque nacional da Gorongosa fazendo parte de Moçambique não está isento de queimadas. O objectivo deste estudo foi de analisar a ocorrência de queimadas no parque nacional da Gorongosa, e assim sendo a metodologia sustentou-se no processamento de imagens MODIS de fogos activos e áreas queimadas onde extraiu-se pixéis com níveis de confiança igual ou superior a 80%, QGIS 3.14 (software de processamento de informação geográfica), para mapear a ocorrência de áreas queimadas, estimar a frequência de queimadas, o intervalo médio de retorno de queimadas, a densidade, e as medidas e estratégias de controlo e redução de queimadas descontroladas no PNG, posteriormente fez-se entrevista aos informantes chaves para perceber as causas de queimadas no PNG, foram entrevistadas cinco (5) aldeias. Os resultados mostraram que nos 5 anos o em estudo o Parque Nacional da Gorongosa teve um total de 4829.01 Km2 de áreas queimadas, apresentando maior ocorrência no ano de 2015 e 2019 o qual diferiu dos restantes anos e em termos de época de ocorrência das queimadas. O Parque atingiu o número máximo de focos e áreas queimadas na estação seca e menor na estação chuvosa, verificou-se maiores registos de queimadas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro (fim da época seca) com as maiores áreas registadas nos meses de Setembro e Outubro. Tendo se verificado uma frequência que variou de 1 a 6 vezes nos 5 anos em estudo, observando-se a densidade de queimada em 5 classes: Muito baixa (0.5 focos/km2), Baixa (0.7 focos/km2), Média (0.10 focos/km2), Alta (0.14 focos/km2) e Muito Alta (0.18 focos/km2), com uma intensidade maxima para o período de 5 anos foi de 52300 kWatts, com um intervalo médio de retorno de queimadas (IMRQ) de 1,7 anos, o tempo necessário para ocorrer 2 fogos consecutivos ou mais. Assim a área prioritária de intervenção no âmbito de prevenção contra queimadas no PNG foram detectadas como sendo a Planície baixa de inundação. As principais causas de queimadas no PNG são inerentes a abertura de campos agrícolas (52%), pastagem (39%), caça somente na zona tampão (5%) e 4% inerentes a outras queimadas (fumadores, colecta de mel).