AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA BARRAGEM DE MASSINGIR POR MEIO DA INSTRUMENTAÇÃO

Abstract

Vários factores podem colocar uma barragem em risco. A perda progressiva da estabilidade provocada por algum tipo de anomalia pode levar esta estrutura ao colapso, provocando inúmeros e enormes danos a população ao seu redor. Em barragens de terra, como no caso de Massingir, uma falha poderia ser ocasionada por um escoamento espontâneo de água no interior da estrutura, causando rupturas e, até mesmo colapso, provocando inundações rápidas a jusante. Para que haja controlo deste processo que é inevitável, são instalados na fundação e no corpo da barragem instrumentos que possibilitam controlar a percolação da água no interior da barragem podendo assim avaliar a estabilidade da mesma. Este trabalho teve como principal objectivo avaliar a estabilidade da barragem de Massingir através da instrumentação estabelecendo comparações entre dados actuais relativos dos instrumentos de auscultação que monitoram o comportamento da água subterrânea que percola em diversos pontos de uma barragem, bem como ao longo do maciço da construção e as respectivas vazões de percolação que variam com o nível de água do reservatório, com os dados do projecto inicial de modo a verificar as condições de segurança da barragem. Constatou-se que cerca de 26% dos 238 instrumentos instalados no corpo e na fundação da barragem de Massingir encontram-se avariados. Destes instrumentos 131 são piezómetros de tubo aberto, dos quais 37 servem como drenos de galeria e estes aliviam as pressões com eficácia. Dos outros 94 piezómetros de tubo aberto, 60 estão instalados na vala de drenagem, na margem direita, e 8% deles encontram-se avariados e dos 92%, que equivale a 55 piezómetros, apenas 97% registram leituras que ultrapassam os limites de atenção, o que significa que as pressões exercidas pela água na fundação superam as máximas pressões admissíveis para manter o factor de segurança da barragem nas suas condições normais de exploração. Por outro lado, que o tratamento com poços de alívio mostrou-se ineficiente para reduzir de forma eficaz as subpressões a jusante da barragem.